terça-feira, 27 de abril de 2010

Francisco Vieira o PORTUENSE









FRANCISCO VIEIRA,
O PORTUENSE 1765 -1805








1765 – a 13 de Maio nasceu Francisco Vieira na cidade do Porto, filho de Domingos Francisco Vieira e sua mulher Maria Joaquina.
Os primeiros anos de existência de Francisco Vieira permanecem obscuros e provavelmente assim irão continuar.
Seu primeiro mestre foi o pai Domingos Francisco Vieira, que era droguista, e também pintor de paisagens.
1780 – a 17 de Fevereiro abre no Porto a Aula pública de Debuxo e Desenho. É provável que Vieira perto de completar os 15 anos de idade, tenha frequentado a Aula de Desenho, que começou a funcionar ali mesmo ao lado do local onde residia, junto à Porta do Olival. Nada foi encontrado que o pudéssemos confirmar. Veio a optar mais tarde pela frequência da Aula de Lisboa (1787) com o objectivo de, consideraram alguns, obter pensão régia.
A passagem de Vieira pela Aula de Lisboa foi curta pois antes de Agosto de 1789 já estava em Roma.
Taborda (1815) e Cyrillo (1823) afirmam claramente que Francisco Vieira foi para Roma graças ao apoio da Junta da Companhia das Vinhas do Alto Douro, com uma pensão de 300$000 reis.
Vieira recebe o 1º. Prémio de Desenho no concurso da Academia do Nu do Capitólio, em Roma. No certificado do júri do Concurso, que atribui o primeiro prémio a Vieira, são salientadas a qualidades de seu desenho.
Em 1790 a 22 de Setembro foi-lhe anunciado a atribuição da tão esperada pensão régia (que iria receber a partir do mês de Outubro).
Em 1792, Vieira regressa a Roma depois de uma viagem de 4 a 5 meses que o levou a Pegugia, Ancona, Pesaro, Fano, Lesi, Ferrara, Forli, Imola e talvez Ravena. A partida para esta viagem marca o fim de um período de aprendizagem artística limitado ao universo de Roma.
Em 1793, anuncia que vai para Parma, onde permanecerá alguns meses, não só para fazer grandes estudos de Corregio, como também para dar início ao quadro Medeia.
Em 1794, Francisco Vieira é eleito “Academico Professore di Pittura” da Academia de Belas Artes de Parma. A 23 de Setembro, Vieira anuncia que irá viajar para Piacensa e Cremona.
Em 1796 , Vieira viaja para Londres e dá a notícia do aumento da sua pensão, quase para o triplo do que já recebia.
Em 1798, na abertura da Exposição da “Royal Academy of Arts”, Vieira expõe três pinturas. Por indicação registada no Catálogo desta exposição, Vieira residia no nº. 40 da “Cumberland Place, Vew Road”. Ainda neste ano, Vieira apresenta ao amigo editor o projecto de publicar uma obra sobre Camões, informando-o de que estava já a delinear os quadros para ilustração de dez cantos dos Lusíadas. Vieira tenta associar esta sua proposta ao antigo projecto para uma edição dos Lusíadas.
Em 1799, a 9 de Junho, Vieira casa com Maria Fabbri, que segundo correspondência de Vieira, era bela, graciosa e falando na perfeição as principais línguas, pelo muito que tinha viajado pela Europa.
Em 1802 a 3 de Janeiro Vieira escreve do Porto a Rosaspina, (Francesco Rosaspina) onde declara ter chegado ao Porto há poucos dias, com a sua consorte, para dar abertura à Academia desta cidade, tendo deixado Londres justamente no passado mês do Outubro.
Em 1805 Viera adoece gravemente viaja para a Madeira a fim de se restabelecer, mas morre no Funchal a 2 de Maio, poucos dias de completar quarenta anos de idade.
Francisco Vieira foi o mais viajado artista português do seu tempo, tendo passado grande parte da sua carreira profissional fora do país. A necessidade da estadia no estrangeiro, sentida e algumas vezes cumprida por outro artistas seus contemporâneos, foi entendida por Vieira de um modo muito particular e com uma urgência que, na nossa era global de fácil e rápida comunicação, só poderemos entender no contexto da realidade sócio-política e cultural portuguesa dos finais do século XVIII.
E contudo, a duzentos anos de distância, o perfil de Francisco Vieira adquire contornos de actualidade que se vão definindo com a leitura de correspondência, a análise dos álbuns de desenhos, o estudo dos mestres que elegeu e dos artistas com que se cruzou e com quem trabalhou.
Hoje podemos apreciar o destino europeu que Vieira desejou para si, partilhando a consciência de uma cultura europeia comum, com artistas, filósofos e intelectuais da sua época.
Compreendemos porque se demorou numa Europa perigosamente agitada pela Revolução Francesa, mas que lhe proporcionava simultaneamente o convívio com grandes obras do passado, os mais importantes artistas contemporâneos, os mais esclarecidos mecenas.
Reconhecemo-nos na iniciativa pioneira da comunidade empresarial do Porto ao investir no talento do jovem, de cujas qualidades artísticas e humanas a cidade poderia vir a usufruir.
Como também sabemos avaliar o empenho de Vieira em conquistar um lugar na comunidade artística europeia diversificando as suas actividades nos meios social e culturalmente exigentes em que se movia, procurando encomendas, aceitando alunos, negociando em arte, promovendo projectos editoriais, estabelecendo parcerias capazes de se traduzirem não só em reconhecimento profissional como em indispensáveis benefícios materiais.

Estudos de figura
Album de desenhos 1782-1785
lápis 260 x 405 mm
Colecção Herdeiros de Alfredo Ayres de Gouveia Allen

Madona del Foligno, (cópia de Rafael)
Álbum de desenhos 1789-1793 (?)
Lápis 290 x 147 mm
Colecção do Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa

Igreja de Stª. Teresa em Caparolla (Viterbo)
Abum de desenhos 1789-1793 (?)
Lápis - 116 x 169 mm
Colecção do Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa

Lamentação (cópia de Rafael)
Álbum de desenhos 1792(?)
Lápis 195 x 267 mm
Colecção do Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa


Anunciação (cópia de Guercino)
Álbum de desenhor 1796 (?)
Lápis 183 x 223 mm
Colecção do Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa

Vista da Fortaleza de Ancona
Álbum de desenhos - Ancona 1796
Lápis - 116 x 185 mm
Colecção do Museu Nacional de Arte Antiga - Lisboa

1º. Prémio do concurso da Academia Capitolina do Nu, Roma
Desenho a lápis e cré sobre papel cinzento - 534 x 405 mm
Colecção da "Accademia Nazionale di San Luca" - Roma


Desenhos académicos


Desenhos Académicos


Desenho Académico - sanguínea e realços a branco
410 x 270 mm
Colecção da Casa Museu Teixeira Lopes - V.N.Gaia




Madonna de S. Jerónimo (cópia de Correggio)
1793-94 - Óleo sobre tela - 197 x 140 cm
Colecção particular


Cabeça de velho (assinada e datada (1793)
Óleo sobre tela - 44 x 31 cm
Colecção da "Galleria Nazionale" de Parma (oferta do autor)


Retrato do Bispo Adeodato Turchi - 1794-95 (?)
Óleo sobre tela - 43 x 35,4 cm
Colecção da "Galleria Nazionale" de Parma

Retrato de Francesco Martin Y Lopez
Óleo sobre tela 38 x 32 cm
Colecção da "Galleria Nazionale" de Parma

Retrato de Carolina Maria Teresa de Bourbon - 1794
Óleo sobre tela 70,5 x 56 cm
Colecção da "Galleria Nazionale" de Parma

Retrato de Maximiliano da Saxónia (D. Ludovico de Bourbon
Óleo sobre tela - 70 x 56 cm
Colecção da "galleria Nazionale" de Parma


Retrato da Duquesa Maria Amália de Parma - 1795
Óleo sobre tela - 100 x 78 cm
Colecção Manuel Antunes - Lisboa

Lição de pintura
Óleo sobre tela - 15,2 x 26,2 cm
Colecção particular

Cristo Crucificado (antes de 1793)
Óleo sobre tela 135 x 98,4 cm
Enviado de Itália para Portugal em 1796 como propriedade do autor, (colecção Allen)
Porto, Cânara Municipal - Museu Nacional Soares dos Reis

D. Filipa de Vilhena armando seus filhos cavaleiros
Assinada e dadata, Londres 1801
Óleo sobre tela - 150 x 212 cm
Colecção particular - Lisboa

Bonaparte - A Dissolução do Conselho dos Quinhentos
Gravura a água forte e buril - 500 x 665 mm
Biblioteca Geral da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Retrato de Francisco Vieira pintado por Angelika Kauffmann
Óleo sobre tela 94,5 x 80 cm
Bregenz, Vorarlberger Landesmuseum

Fonte: Catálogo da exposição temporária no Museu Soares dos Reis em 2001, o ano em que a cidade do Porto foi Capital Europeia da Cultura
Francisco Vieira ficou conhecido com “Vieira Portuense”, para ser distinguido de Francisco Vieira de Matos (1699-1783), conhecido por “Vieira Lusitano”.

Notícia do Público:Num acordo com o Ministério da Cultura (MC), um empresário português - que prefere manter o anonimato - comprou ontem num leilão em Paris o quadro Súplica de D. Inês de Castro, de Francisco Vieira, o Portuense (1765-1805), por 210 mil euros.
 

2 comentários:

  1. Provavelmente possuo um retrato de senhora jovem realizado por Vieira Portuense. Visto por um especialista do MNAA este não foi capaz de negar. O problema é que a obra não está assinada... Quem me pode ajudar a encontrar solução na identificação do pintor? paulosul@hotmail.com, Lisboa

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    1. Poderia doar esse retarto ao museu nacioal de arte antiga. Em comparaçao com os outros museus europeus é tão pobre...

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