sábado, 6 de fevereiro de 2010

Eugène Delacroix

Eugène Delacroix

Charenton, 1789 - Paris, 1863

Ferdinand Victor Eugène Delacroix- Nasceu a 26 de Abril de 1798 em Chareton – Saint Maurice, e morreu a 13 de Agosto de 1863 em Paris. Foi um importante pintor francês do Romantismo.


Delacroix é considerado o mais importante representante do romantismo francês. Na sua obra convergem a voluptuosidade de Rubens, o refinamento de Veronese, a expressividade cromática de Turner e o sentimento patético de seu grande amigo Géricault. O pintor, que como poucos soube sublimar os sentimentos por meio da cor, escreveu: "...nem sempre a pintura precisa de um tema". E isso seria de vital importância para a pintura das primeiras vanguardas.
Delacroix nasceu numa família de grande prestígio social , e seu pai foi ministro da república. Alguns acreditam que seu pai natural teria sido na realidade o príncipe Talleyrand, seu mecenas, com quem se dizia que Delacroix era muito parecido em personalidade e aparência. O facto é que Delacroix teve uma educação esmerada, que o transformou num erudito precoce: frequentou grandes colégios de Paris, teve aulas de música no Conservatório e de pintura na Escola de Belas-Artes. Também aprendeu aquarela com o professor Soulier e trabalhou no atelier do pintor Pierre-Narcise Guérin, onde conheceu Géricault. Visitava quase todos os dias o Louvre, para estudar as obras de Rafael e Rubens.
Em 1814, sua mãe morre, deixando-o órfão aos dezesseis anos. Eugéne passa a viver com a sua irmã Henriette.
Foi em casa de sua irmã que conheceu o primeiro amor, a jovem inglesa Elisabeth Salter. O retrato que fez dela data de 1817.
Em 1822 pinta o quadro A Barca de Dante — a obra deste escritor italiano foi um dos temas preferidos do romantismo.

A Barca de Dante, 1822
Óleo sobre tela, 189 x 246 cm
Paris Museu do Louvre

Em 1825, através de Bonington, Delacroix conheceu uma antiga bailarina da Ópera, Mme. Dalton, que se tornou sua amante. Delacroix passou os meses de Verão em Inglaterra, entrando em contacto com a literatura inglesa; o que deu frutos nas suas ilustrações litográficas para Macbeth e Hamlet. Também desenhou os heróis de Sir Walter Scott e Byron. Alguns anos mais tarde, o Fausto de Goethe viria a inspirar uma série de dezessete litografias, que foram publicadas em 1828.
Delacroix interessou-se também pelos temas políticos do momento. Sentindo-se um pouco culpado pela sua pouca participação nos acontecimentos do país, pintou A Liberdade Guiando o Povo (1830), um quadro que o estado adquiriu e que foi exibido poucas vezes, por ter sido considerado excessivamente panfletário. O certo é que a bandeira francesa tremulando nas mãos de uma liberdade resoluta e destemida, prestes a saltar da tela, impressionou um número não pequeno de espectadores. Começaram a aparecer os primeiros sintomas de laringite tuberculosa da qual Delacroix viria a morrer.

A liberdade Guiando o Povo, 1830
Óleo sobre tela, 260 x 325 cm
Paris, Museu do Louvre

O ano de 1832 trouxe consigo um grande acontecimento. A partir de uma recomendação de Mlle. Mars, Delacroix conheceu o Conde Charles de Mornay, embaixador do sultão de Marrocos, Abd er-Rahman. Delacroix foi escolhido para acompanhar o Conde numa viagem que começaria com uma estadia em Tanger, depois Meknès, Cádis, Sevilha, Oran e Argélia; regressou a França no dia 5 de Julho. Estes cinco meses preencheram os blocos de apontamentos de Delacroix com desenhos, esboços e aguarelas. A vida e os costumes árabes fascinaram-no e viriam a inspirar vários quadros. Manet nasceu em 1832
Em 1833 Delacroix foi contratado para decorar o palácio do rei em Paris, o Palácio de Luxemburgo e a biblioteca de Saint-Sulpice.
A partir de 1833, Thiers encarregou Delacroix de fazer a decoração do Quarto do Rei no Palácio de Bourbon. Apesar das recusas do Salon e da rejeição da sua candidatura para o Institut de France, Delacroix recebeu muitas encomendas e pedidos de retratos. Ele sentiu profundamente a morte do seu sobrinho, Charles de Verninac, mas foi recebido calorosamente na casa das famílias Pierret e de Villot, cuja mulher deste último, Pauline, veio a ser sua amante e posou para ele na propriedade de Villot em Champrosay. Também nesta altura começou a sua amitié amoureuse com George Sand, embora os seus sentimentos mais ternos estivessem reservados para a sua prima, Joséphine de Forget, que foi sua amante por muitos anos. As suas Mulheres da Argélia nos seus Aposentos foi um grande sucesso no Salon de 1834.
Em 1839 viajou para a Holanda com Elisa Boulanger; ficou muitas vezes em Valmont; em 1842, visitou Nohant, aproximando-se bastante de Sand e Chopin
Para aliviar o seu problema de garganta, Delacroix passou uma temporada nos Pirinéus. Trouxe desenhos e aguarelas da paisagem da montanha. O seu irmão Charles morreu em 1845. Eugène permaneceu mais algum tempo em Bordéus devido ao testamento. A subida ao trono de Louis-Napoleon em 1848 trouxe a esperança de mais encomendas do estado, mas a sua candidatura para o Institut foi repetidamente recusada. Em 1849, ele foi encarregado de pintar a Capela de Saint-Sulpice, embora o trabalho fosse adiado durante vários anos.
Jenny Le Guillou, sua amante durante vários anos, permaneceu no centro da sua vida até ao fim.
Foi responsável pela decoração do teto da Galeria de Apolo no Louvre que terminou em 1851 e antes de aceitar o trabalho, fez uma viagem à Bélgica para adquirir a inspiração de Rubens.
Também decorou o Salon de la Paix no Hotel de Ville em Paris (esta obra foi destruída durante a Commune).
Delacroix passava a maioria dos Verões em Champrosay e em Dieppe; as vistas marítimas e os quadros de flores que pintou em Dieppe exerceram uma grande influência no impressionismo.
Em 1855, exibiu quarenta e oito quadros na Exposição Universal de Paris.
Na oitava tentativa, tornou-se membro do Institut. No ano anterior, tinha sido nomeado Commandeur da Légion d'honneur.
Em 1857, a França concluiu a conquista da Argélia. Houve muitos escândalos; Flaubert foi processado devido à sua obra, Mme. Bovary e Baudelaire devido à sua obra, As Flores do Mal.
Em 1859, teve lugar o último Salon, no qual Delacroix participou; apesar da sua assiduidade, já não conseguia trabalhar continuamente e foi forçado a fazer curas de descanso no campo.
Nos seus últimos anos preferiu a solidão de seu atelier.
Em 1861, completou os frescos de Saint-Sulpice e começou a decoração da sala de jantar do banqueiro Hartmann.
Em 1863, o seu estado agravou-se; tencionava iniciar O Chefe Marroquino Recebendo um Tributo e Tobias e o Anjo, mas morreu a 13 de Agosto, só e afastado da fiel Jenny Le Guillou. No mesmo ano, foi inaugurado um Salon des Refusés destinado aos artistas rejeitados pelo Salon oficial. Manet gerou um grande alvoroço em torno do seu Déjeuner sur l'herbe, enquanto Cabanel foi aclamado pelo seu Nascimento de Vênus.
O estúdio de Delacroix foi vendido ao hotel Drouot.
Fantin-Latour apresentou a sua Homenagem a Delacroix, mesmo após a morte de Delacroix, “o príncipe dos Românticos”. Esta homenagem de Fantin-Latour foi considerada escandalosa, dada a justaposição em redor de Delacroix de pessoas com ideologias muito divergentes.

Pintura de Henri Fantin-Latour "Homenagem a Delacroix", 1864
Óleo sobre tela, 160 x 250 cm
Paris, Museu d'Orsay

Museu Delacroix

Fonte: Delacroix de Gilles Néret (TACHEN)

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