Amedeo Modigliani
1884 – 1920
A poesia do Olhar
Amedeo Modigliani, um nome com ressonância melódica, que poderia ser perfeito para um personagem de romance, poético e trágico. Além disso, este nome sensual nem sequer é um pseudónimo. Amedeo Modigliani é o nome do pintor, que como nenhum outro dos tempos modernos foi objecto de tantas lendas, mitos e clichés. Sobre ele escreveram-se romances, peças de teatros, filmes e a crítica de arte está igualmente repleta de episódios glorificantes. Modigliani representa o protótipo do artista que executa a sua obra nos estúdios sórdidos de Montmartre e de Montparnasse, afundado em álcool, haxixe, amor e poesia. Modigliani nunca conheceu o êxito e foi tão pobre que só conseguia pagar as contas com os retratos de clientes esboçados à pressa.
Dados biográficos
A 12 de Julho de 1884 em Livorno na Toscana, nasceu Amedeo Clemente Modigliani, o mais novo dos quatros filhos de Flaminio e de Eugenia Modigliani. A família pertence à burguesia judaica mais secularizada e, na altura do nascimento de Modigliani, encontra-se numa situação financeira precária. Devido a uma crise económica em Itália, a empresa da família abre falência e para ajudar às despesas da casa a mãe de Modigliani começa a dar lições particulares e a aceitar traduções. Modigliani cresce num ambiente com interesses literários e filosóficos.
Em 1898 Modigliani contrai a febre tifóide e o seu destino de artista é-lhe revelado num mítico sonho delirante. Depois de restabelecido, abandona a escola e recebe lições do pintor Guglielmo Micheli na Academia de Arte de Livorno. O seu irmão Emanuele, que viria a ser mais tarde um famoso membro do Partido Socialista Italiano, é mandado para a prisão durante seis meses devido às suas actividades políticas.
No ano de 1900 Modigliani fica tuberculoso e passa o inverno de 1900 e 1901 em Nápoles, em Capri e em Roma. Entre os poucos documentos escritos que chegaram até nós contam-se as cinco cartas que escreveu durante este período de convalescença e estudo ao seu amigo o artista Oscar Chiglia.
No dia 7 de Maio de 1902, Modigliani inscreve-se na “Scuola Libera di Nudo” em Florença e tem aulas com Giovanni Fattori. Visita os museus e as igrejas de Florença e estuda a arte do Renascimento.
Em 1903, Modigliani acompanha o seu amigo Oscar Chihlia a Veneza, onde permanece até se mudar para Paris. A 19 de Março, matricula-se no “Istituto di Belle Arti di Venezia” e nas aulas de modelo vivo. Nos museus e igrejas de Veneza, dedica-se intensamente ao estudo da arte dos antigos mestres. Nas Bienais de 1903 e de 1905, vê as obras dos Impressionistas franceses, esculturas de Rodin e pinturas que se inserem na corrente do Simbolismo. Em Veneza, Modigliani conhece os “prazeres do hexixe”. Existem muito poucas obras deste período de estudos de Modigliani em Itália.
No inicio do ano de 1906, Modigliani vai para Paris. Instala-se num pequeno estúdio em Montmartre e frequenta aulas de modelo vivo na “Académie Calarossi”. Conhece Maurice Utrillo, fr quem ficará amigo toda a vida. No Outono trava conhecimento com o pintor alemão Ludwig Meidner, que o descreve como «o último boémio autêntico».
Em 1907, o pintor Henri Doucet leva Modigliani para a casa da Rue de Delta, que o jovem médico Paul Alexandre e o irmão tinham alugado para apoiar jovens artistas. Alexandre é o primeiro patrono de Modigliani. Compra-lhe quadros e desenhos e arranja-lhe encomendas de retratos. Modigliani está provavelmente representado com algumas obras no “Salon d’Automne. Visita a retrospectiva de Cézanne, que o impressiona profundamente. Os seus quadros revelam uma forte influência dos modelos Simbolistas e dos quadros de Toulouse-Lautrec e de Edvard Munch.
1908, Modigliani expõe seis quadros no “Salon des Indépendants”. Apesar da saúde débil, participa na vida sensual e dissoluta dos artistas de Montmartre. Muda de casa várias vezes. Modigliani passa o verão de 1909 em Itália com a família, onde «recupera a saúde e a roupa», como escreve numa carta a Paul Alexandre. É provavelmente neste ano que Modigliani inicia a escultura em pedra, que durante algum tempo terá prioridade em relação à pintura.
No ano de 1911, Modigliani expõe no “Salon des Indépendants”. Torna-se amigo do escritor Max Jacob e tem uma ligação sentimental com a poetisa russa Anna Achmatova.
Em 1911, Modigliani expõe as suas esculturas de pedra arcaizantes, a que dá o nome de “colunas de ternura”, no estúdio do artista português Amadeu de Sousa Cardoso.
Na Primavera de 1913, Modigliani passa algum tempo em Livorno. Instala-se perto de uma pedreira na Toscana. Numa carta, informa Paul Alexandre de que está a esculpir em mármore e que vai enviar as peças acabadas para Paris. As estátuas de mármore de Modigliani nunca foram encontradas.
Em 1914, através de Max Jacob, Modigliani conhece o negociante de arte Paul Guillaume, que nos anos seguintes lhe dará apoio. Em Junho conhece a excêntrica jornalista inglesa, Beatrice Hastings, com a qual tem uma tempestuosa ligação amorosa, que dura dois anos, durante esse período ela foi o modelo preferido dos seus retratos. Quando rebenta a guerra, Modigliani fica isento do serviço militar por motivos de saúde. Paul Alexandre (seu patrono), é alistado para a guerra, pondo termo ao contacto entre ambos. Alexandre, possui uma colecção de cerca de 400 desenhos de Modigliani, que só são dados a conhecer a público em 1990.
Modigliani recomeça a pintar e durante o resto da vida dedicar-se-á quase exclusivamente ao retrato.
Em 1915, Modigliani pinta um retrato de Picasso, muda-se para o apartamento de Beatrice Hastings, na Rue Norvain em Montmartre.
Em 1916, depois de romper com Beatrice Hastings, Modigliani abandona o apartamento que ambos partilhavam e começa a pintar no apartamento de Zborovski, na Rue Joseph Bara.
Em Abril de 1917, Modigliani conhece uma jovem de dezanove anos, Jeanne Hébuterne, que estuda na “Académie Calarossi”, e mudam-se ambos para um apartamento na Rue de la Grande Chaumière. A 3 de Dezembro, é inaugurada a sua primeira exposição individual na Galeria de Berthe Weill, mas infelizmente a exposição é forçada a encerrar durante a inauguração porque os seus nus são considerados escabrosos.
Em 1918, dada a ameaça de invasão pelas tropas alemãs, Modigliani e Jeanne abandonam Paris na Primavera e instalam-se na costa mediterrânica. Em Nice e nos seus arredores, na luminosidade da “Côte d’azur”, Modigliani pinta muitos retratos que manda para Paris para serem vendidos por Zborovski, quadros esses que viriam a ser mais tarde, as suas obras mais populares e mais cotadas. A 29 de Novembro em Nice, Jeanne dá à luz uma rapariga, que é reconhecida por Modigliani como sua filha, rebecendo o mesmo nome de baptismo da mãe.
Em 1918, dada a ameaça de invasão pelas tropas alemãs, Modigliani e Jeanne abandonam Paris na Primavera e instalam-se na costa mediterrânica. Em Nice e nos seus arredores, na luminosidade da “Côte d’azur”, Modigliani pinta muitos retratos que manda para Paris para serem vendidos por Zborovski, quadros esses que viriam a ser mais tarde, as suas obras mais populares e mais cotadas. A 29 de Novembro em Nice, Jeanne dá à luz uma rapariga, que é reconhecida por Modigliani como sua filha, rebecendo o mesmo nome de baptismo da mãe.
Em finais de Maio de 1919, Modigliani regressa a Paris. Em Julho, assina um documento em que se compromete a casar com Jeanne, outra vez grávida. No fim do ano adoece gravemente com tuberculose e é cancelada uma viagem que havia projectado a Itália.
Modigliani morre a 24 de Janeiro de 1920 no “Charité de Paris, com apenas 35 anos de idade. No dia seguinte, Jeanne Hébuterne suicida-se. Uma grande multidão assiste ao funeral de ambos no cemitério de Père Lachaise. A filha Jeanne é adoptada pela irmã de Modigliani, residente em Florença, e escreve mais tarde uma importante biografia de seu pai.
Para ver vida e obra completa clique aqui
Fonte: Modigliani de Doris Krystof, da TASCHEN
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