sexta-feira, 28 de maio de 2010

Diego Rivera






Diego de Rivera
1886-1957


Um Espírito Revolucionário
Na Arte Moderna






Como artista excepcional, político militante e contemporâneo excêntrico, Diego Rivera teve um papel primordial numa época muito importante no México. Tornou-se, embora polémico, o mais citado artista do continente hispano-americano no estrangeiro. Foi pintor, desenhador, artista gráfico, escultor, arquitecto, cenógrafo e um dos primeiros coleccionadores de arte mexicana pré-colonial. O seu nome está relacionado com os de Pablo Picasso, André Breton, Leo Trotski, Edward Weston, Tina Modotti e, como não podia deixar de ser, Frida Kahlo. Foi simultaneamente, alvo de ódio e amor, admiração e rejeição, lendas e difamação. O mito que, ainda em vida, se criou à volta da sua pessoa, não se deve somente à sua obra, mas também ao seu papel activo na vida política da sua época, às suas amizades e aos seus conflitos com personalidades famosas, à sua aparência fascinante e ao seu carácter rebelde.
Nas suas recordações, difundidas em diversas obras biográficas, Rivera contribuiu bastante para a criação do mito à sua volta. Gostava de se apresentar como menino precose de ascendência exótica, que combatera na Revolução mexicana como jovem rebelde, um visionário que se recusava a fazer parte da vanguarda europeia, e que estava predestinado para ser o cabecilha da revolução artística. A sua biógrafa, Gladys March, confirma, no entanto, que a sua vida real era muito mais banal e que Rivera tinha grandes dificuldades em separar a ficção da realidade:
Por conseguinte, a descrição da vida e obra deste artista fora de série, só pode ser vista como uma tentativa de aproximação.
José Diego Maria e o seu irmão gémeo José Carlos Maria nasceram em Guanajuato, capital do estado de Guanajuato, no México, no dia 8 ou no dia 13 de Dezembro de 1886 (as fontes indicam datas diferentes), como primeiros filhos do casal Diego Rivera e Maria del Pilar Barrientos. Os pais são ambos professores. O pai é de origem criola. O avô paterno, dono de uma das muitas minas de prata de Guanajauto, nasceu, segundo consta, na Rússia, e depois da sua emigração para o México, terá lutado lado a lado com o presidente mexicano Benito Juárez contra a intervenção imperialista da França.
A avó materna era, supostamente, de ascendência índia. Estas afirmações não puderam ser provadas até à data, no entanto demonstram os elementos da sua ascendência aos quais Rivera dava mais valor. Tinha orgulho no facto de poder ser considerado um verdadeiro mestiço, por causa da origem índia da avó, e de ter herdado do avô a herança revolucionária que viria a ser tão importante para si. O nascimento da irmã mais nova de Diego, María del Pilar, em 1891, representa um consolo para a família, depois da morte do irmão gémeo Carlos, falecido em 1888, com um ano e meio de idade. Após a morte do filho, Maria Barrientos começa a estudar medicina e a trabalhar como parteira.
As ideias radicais do jornal liberal “El Demócrata”, do qual o pai é co-editor, levam a um ambiente de hostilidade contra a família que acaba por se mudar para a cidade do México em 1892. O ditador Porfírio Diaz, que deteve quase ininterruptamente o poder como presidente do México desde 1876 até à Revolução, no ano de 1910, tenta oprimir qualquer movimento oposicionista. A reputação da família Rivera no seio da burguesia da cidade de província está arruinada, a riqueza proveniente das minas de prata acabou. Esperam encontrar uma situação melhor na capital.
Em 1894 María del Pillar, católica praticante, manda o seu filho Diego, a quem o pai ensinara a ler aos quatros anos, pela primeira vez para a escola, o colégio católico Carpantier. No final do ano de 1896, Diego aluno da terceira classe, recebe um prémio pelo seu bom aproveitamento e começa a frequentar as aulas nocturnas na Academia de San Carlos. Desde muito pequeno que Diego desenha com grande paixão, o jeito artístico irá ser desenvolvido nas aulas de desenho.
Seu pai obriga-o a inscrever-se numa escola militar, mas Diego deixa-a pouco depois, para em 1898 se inscrever no curso de arte na prestigiada Academia de San Carlos. A arte torna-se para ele o elemento mais importante da sua vida: Como mais tarde escreverá, ele vê a arte como uma função orgânica, que não só é útil ao homem, mas sim, que é imprescindível, como o pão, a água e o ar.
Em 1907, graças a uma bolsa, viaja de barco para Espanha e em 1908 viaja por Espanha. Na Primavera de 1909 vai até França, seguindo depois para a Bélgica e Inglaterra. Em Bruxelas conhece a pintora russa Angelina Beloff, que vai com ele para Paris e nos próximos doze anos será a sua companheira.
Em 1910 regressa ao México, expõe na Academia de San Carlos e vive a eclosão da revolução mexicana.
Em meados do 1911 volta a Paris e passa o Inverno desse ano na Catalunha.
Em 1912 instala-se com Angelina Beloff em Paris. No Verão passa algum tempo em Toledo. Começa a notar-se na sua obra a influência cubista.
Depois de ter executado os primeiros trabalhos em estilo cubista, expõe do “Salon d’Automne” em 1913.
Em 1914, Diego Rivera viaja para Mallorca, onde o surpreende o inicio da Primeira Guerra Mundial, e segue para Barcelona e Madrid.
No Verão de 1915, Rivera regressa a Paris e começa uma relação com a artista russa Marevna Vorobev-Stebelska.
Em Outubro de 1916, expõe na “Modern Gallery” em Nova Iorque. Nasce o filho Diego, fruto da relação com Angelina Beloff.
Em 1917 é-lhe oferecido um contrato pelo director da “Galerie L’Effort Moderne” Paris, Léonce Rosenberg. Na Primavera tem uma disputa com o crítico de arte Pierre Reverdy, da qual resulta o seu afastamento do cubismo e o seu regresso à pintura figurativa. Conhece o escritor de arte Elie Faure. No Inverno morre o seu filho Diego.
Em 1918 instala-se com Angelina Beloff num apartamento perto do Champ de Mars. A influência de Cézanne faz-se notar na sua obra.
Em 1919 encontra-se com David Alfaro Siqueiros e discute com ele a necessidade de mudança da arte mexicana. Nasce a sua filha Marika, fruto da sua relação com Marevna Vorobev-Stebelska.
Em 1920-1921 empreende uma viagem por Itália, onde executa numerosos estudos e esboços, seguidamente regressa a Paris e volta definitivamente para o México.
Em Janeiro de 1922, pinta o seu primeiro mural no anfiteatro Bolívar da “Escuela Nacional Preparatoria”. Casa-se com Guadalupe Marín. Em Setembro inicia o trabalho nos frescos da SEP “Secretaría de Educación Pública”.É co-fundador do sindicato dos pintores, escultores e gráficos revolucionários e torna-se membro do Partido Comunista do México.
Em 1924 nasce a sua filha Guadalupe.
Em começa com a elaboração dos frescos na Escuela Nacional de Agricultura em Chapingo, continuando, em simultâneo a trabalhar nos murais da SEP.
No Outono de 1927, é convidado para uma viagem à União Soviética para participar nos festejos por ocasião do décimo aniversário da Revolução de Outubro. Nasce a sua filha Ruth.
Em 1928, depois do seu regresso da União Soviética, separa-se de Guadalupe Marín. Termina os trabalhos na SEP e em Chapingo.
Em 1929 casa-se com Frida Kahlo. Pinta as paredes da escadaria do Palácio Nacional na cidade do México e executa murais para a Secretaria de “Salud”. O embaixador norte-americano no México encomenda-lhe um mural no Palácio de Cortés em Cuernavaca. É nomeado director da escola de belas artes da Academia de San Carlos, mas pouco depois é obrigado a demitir-se. É expulso do Partido Comunista, por não se distanciar claramente do Governo.
1930-1931, viaja para San Francisco, onde pinta um mural no Lucheon Club de San Francisco Pacific Stock Exchange e outro para a California School of Fine Arts. O novo Museum of Modern Art em Nova Iorque, convida-o para uma exposição. Em 1932 cria o cenário e os figurinos para o ballet Horse Power de Carlos Chávez. Inicia os trabalhos do Detroit Institute of Arts.
Em 1933, pinta um mural no Rockefeller Center em Nova Iorque. Um retrato de Lenine integrado no fresco, leva à interrupção dos trabalhos e mais tarde à destruição total da obra inacabada.
Em 1934 o mural planeado para o Rockefeller Center é realizado numa nova versão, no Palácio de Belas Artes na Cidade do México.
Em 1936 termina os murais na escadaria do Palácio Nacional, por acabar desde 1930.
Em 1936, pinta quatro frescos para o Bar Ciro’s no Hotel Reforma, nos quais ataca personalidades políticas do México. Em consequência disso, os frescos são retirados do local.
Em 1938, recebe Leo Trotski e a sua esposa Natalia Sedova na “casa azul” de Frida.Kahlo.
Em 1938, André Breton e sua mulher Jacqueline Lamba moram em casa de Rivera, durante a estadia de ambos no México.
Em 1939, depois de desavenças, corta relações com Trotski e divorcia-se de Frida Kahlo.
Em 1940 viaja para San Francisco, para pintar dez quadros para a Golden Gate International Exposition. No final do ano, casa-se pela segunda vez com Frida Kahlo, em San Francisco.
Em 1941-1942, trabalha principalmente no cavalete. Recebe autorização para pintar os frescos no primeiro andar do pátio do Palácio Nacional. Começa com a construção do «Anahuacalli» (casa do México), para guardar a sua colecção de objectos pré-coloniais.
Em 1943, pinta dois murais para o Instituto Nacional de Cardiologia. Torna-se membro do Colégio Nacional e dá uma série de conferências sobre arte, ciência e política. É nomeado professor na Escola de Belas Artes “La Esmeralda”.
Em 1946 emcomendam-lhe um grande mural para o novo Hotel del Prado.
Em 1947, juntamente com José Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros, forma a comissão de pintura mural do Instituto Nacional de Belas Artes (INBA).
Em 1949 o INBA organiza uma exposição completa, por ocasião dos cinquenta anos de carreira artística de Rivera.
Em 1950, ilustra a edição limitada do Canto General de Pablo Neruda e cria o cenário para a peça de teatro de José Revueltas El Cuadrante de la Soledad. Representa o México, juntamente com Siqueiros, Orozco e Tamayo,  na bienal de Veneza. Recebe o Prémio Nacional de Artes Plásticas.
Em 1951 executa um mural em polietileno no depósito de água do «Cárcamo del rio Lerma» no Parque Chapultepec, na Cidade do México.
Em 1952, pinta um mural transportável para a exposição «Vinte séculos de arte mexicana», que deverá ser enviado para a Europa no âmbito da exposição. A obra é excluída do evento, devido aos retratos de Estaline e Mao Tsé-Tung aí incluídos, e acaba por ser doada à República Popular da China.
Em 1953 cria um mural de mosaico vítreo para a fachada do Teatro de los Insurgentes. Acaba igualmente os trabalhos na parede frontal do Estádio Olímpico no Campus da Universidade de México. Executa também um mural no Hospital La-Raza do Instituto Mexicano del Seguro Social (IMSS).
Em 1954, participa juntamente com Frida Kahlo, na manifestação de solidariedade para com o Governo de Jacobo Arbenz na Guatemala. Frida Kahlo morre em Julho. Em Setembro, o Partido Comunista do México aceita o pedido de reintegração de Rivera, depois de várias tentativas da parte do artista.
Em 1955 casa-se em Julho com Emma Hurtado. Faz doação ao povo mexicano da «casa azul» de Frida Kahlo, do «Anahuacalli» e da colecção de objectos pré-hispânicos que esta contém. No final do ano viaja para a União Soviética, a fim de se submeter a tratamentos médicos.
No dia 24 de Novembro de 1957, Diego Ribera morre na Cidade do México. É sepultado na Rotunda de los Hombres Ilustres, no Panteón Civil de Dolores. As suas cinzas não são como era seu último desejo, juntas às de Frida Kahlo na «casa azul».
Paisagem Zapatista - O Guerrilheiro, 1915
Óleo sobre tela, 144 x 123 cm
Museo Nacional de Arte - Cidade do México
Marinero Almorzando, 1914
Óleo sobre tela 117 x 72 cm
Museo Casa Diego Rivera, Guanajuato
Maternidad - Angelina Beloff y el Niño Diego, 1916
Óleo sobre tela, 132 x 86 cm
Museo de Arte Alvar y Carmen, Cidade do México
do ciclo: Visão política do povo mexicano
El Pintor, el Escultor y el Arquitecto, 1923-1928
1 dos 235 murais, área total pintada 1.585,14 m2
Escadaria e segundo andar da Secretaría de Educación Pública, Cidade do México

Retrato de Guadalupe Marín, 1938
Óleo sobre tela, 171,3 x 122,3 cm
Museo de Arte Moderno, Cidade do México

Desnudo con Alcatraces, 1944
Óleo sobre fibra dura 157 x 124 cm
Colecção Emilia Gussy de Gálvez, Cidade do México

La Era, 1904
Óleo sobre tela, 100 x 114.6 cm
Museo Casa Diego Rivera, Guanajuato

Las Tentaciones de San Antonio, 1947
Óleo sobre tela, 90 c 110 cm
Museo Nacional de Arte, Cidade do México

Fonte: RIVERA, de Andrea Kettenmann (TASCHEN)

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