sexta-feira, 10 de junho de 2011

Tomás da Anunciação
1818-1879

Um dos expoentes da pintura romântica portuguesa

Tomás José da Anunciação nasceu em Lisboa no seio de uma família humilde a 26 de Outubro de 1818. Desde muito cedo revelou grande vocação para o desenho. Frequentou as aulas de arquitectura da Sala do Risco no Arsenal e foi praticante de desenhador no Museu de História Natural, ainda muito jovem.
Em 1837 inscreveu-se na Aula de Desenho da Academia de Belas Artes e terminado o curso, que contestara pelo excessivo academismo e trabalho de atelier, dedica-se à litografia, a documentos de História natural e à realização de pequenas telas de paisagem e animalismo, que vendia no incipiente mercado de arte português.
Flores, frutos, peças de caça e finalmente animais. Estes começarão por ser os objectos do seu olhar romântico; olhar romântico, diga-se, bem mais sereno que aquele que os seus colegas alemãs, franceses ou ingleses, na mesma altura, exibiam perante o mundo. O pintor português optaria por um traço que, sendo vigoroso, estava longe de ser consumido por uma paixão perigosa ou um ideal absoluto. O romantismo, mais do que no espírito dos homens, devia ser procurado na natureza. Assim, e na companhia de vários colegas, acabaria por protestar contra os métodos vigentes no ensino, recusando a “prisão” das salas de aula e ateliers, e defendendo a prática da pintura ao livre.
Economicamente impossibilitando de viajar para o estrangeiro, Tomás da Anunciação vai localizando as suas referências à volta de pintores franceses dos finais do século XVIIII como Guillard ou Pillement (do período Rococo), cujos quadros, de paisagens animadas por animais, tinha a oportunidade de apreciar de perto nas casas dos coleccionadores. O seu conhecimento era, pois, diferido e atrasado, e só estimulado quando colegas regressados de Paris lhe comunicavam as novidades.
Realiza cópias de mestres estrangeiros para o conde de Rackzynski, ministro da Prússia na corte de Lisboa. Também Dom Fernando adquiriu várias das suas obras.
Em 1852, foi nomeado professor de Pintura de Paisagem na Academia de Belas Artes de Lisboa e director a partir de 1878. Foi ainda professor da Rainha D. Maria Pia e director da Galeria Real da Ajuda. Fundou a Sociedade Promotora de Belas-Artes (1862-1881), onde se apresentou com regularidade até 1874, obtendo medalhas de honra, de primeira e segunda classe. Obteve também em 1865 a medalha de honra na Exposição Industrial do Porto, a única conferida a artistas nesse certame. Integrou a Exposição Internacional de Madrid em 1971, sendo galardoado com a medalha de ouro.
Com a sua obra A Vista da Penha de França, foi considerado pelos seus colegas o mestre da geração romântica. Artista pouco estudado, refere o crítico Zacharias d’Aça que terá produzido cerca de quinhentas pinturas, na sua maioria paisagens, pintadas no local, fortemente influenciadas pelo paisagismo holandês do século XVII, promovendo uma estética introdutória do naturalismo, por oposição ao academismo clássico.
Tomás da Anunciação morre em Lisboa em Abril de 1879.

 Vista da Penha de França, 1857
Óleo sobre tela, 68,90 x 105 cm
MNAC – Museu do Chiado, Lisboa

 Paisagem e Animais, 1851
Óleo sobre tela, 40,50 x 51,50 cm
MNAC – Museu do Chiado, Lisboa

 Vista da Amora, Paisagem com Figuras, 1852
Óleo sobre tela, 67,50 x 88,50
MNAC – Museu do Chiado, Lisboa

 Na Eira, 1861
Óleo sobre tela, 123 x 193
MNAC – Museu do Chiado, Lisboa

 O Vitelo, 1873
Óleo sobre tela, 75 x 125 cm
MNAC – Museu do Chiado, Lisboa

Fonte: Arte Portuguesa do Século XIX – MNAC, Site do Museu José Malhoa e Naturlink

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