quarta-feira, 27 de abril de 2011

Baruch Lopes Leão de Laguna

Auto retrato






Baruch Lopes Leão de Laguna
1864-1943

Um pintor “português” morto em Auschwitz






Considerado um dos mais representativos retratistas holandeses dos finais do século XIX e da primeira metade do século XX, Baruch Lopes Leão de Laguna nasceu em Amsterdão, a 16 de Fevereiro de 1864, no seio de uma família sefardita portuguesa.
A sua vida começa tal como haveria de acabar – marcada pelos mesmos tons de tragédia. Aos dez anos perdeu os pais – Salomão Lopes de Leão Laguna e Sara Kroese – dando entrada no orfanato da comunidade de judeus portugueses de Amsterdão. Apoiado pelos professores da comunidade, ganhou o gosto pela pintura, estudando primeiro na Escola Quellinus e depois na Academia Nacional de Belas Artes da Holanda.
Para sobreviver, Leão Laguna trabalhou para o pintor Jacob Meijer de Haan – primeiro na pastelaria da família, no bairro judeu de Amesterdão, e posteriormente no ateliê, como seu assistente.
Aos poucos, a pintura de Leão de Laguna foi ganhando fama e reconhecimento suficientes para lhe permitirem dedicar-se por completo à sua paixão. Em 1885 faz a sua primeira exposição na Associação Arti et Amicitiae, uma mostra bastante bem recebida pela crítica e pelos colegas. Por essa altura Baruch Lopes de Leão Laguna casa com Rose Asscher, filha de um lapidador de diamantes.
Durante os primeiros anos da ocupação nazi, Leão Laguna refugiou-se na região de Laren, no norte da Holanda, auxiliado por uma família que o esconde numa quinta remota, Leão Laguna fica-lhes imensamente grato, oferecendo-lhes vários dos seus quadros (entre os quais o seu auto-retrato).
Baruch Lopes de Leão Laguna é capturado pelos nazis e levado para o campo de extermínio de Auschwitz, onde é assassinado a 19 de Novembro de 1943, com 79 anos de idade.









segunda-feira, 25 de abril de 2011

25 de Abril




As Portas que Abril Abriu

Era uma vez um país
onde entre o mar e a guerra
vivia o mais infeliz
dos povos à beira-terra.
Onde entre vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
um povo se debruçava
como um vime de tristeza
sobre um rio onde mirava
a sua própria pobreza.

Era uma vez um país
onde o pão era contado
onde quem tinha a raiz
tinha o fruto arrecadado
onde quem tinha o dinheiro
tinha o operário algemado
onde suava o ceifeiro
que dormia com o gado
onde tossia o mineiro
em Aljustrel ajustado
onde morria primeiro
quem nascia desgraçado.

Era uma vez um país
de tal maneira explorado
pelos consórcios fabris
pelo mando acumulado
pelas ideias nazis
pelo dinheiro estragado
pelo dobrar da cerviz
pelo trabalho amarrado
que até hoje já se diz
que nos tempos do passado
se chamava esse país
Portugal suicidado.

Ali nas vinhas sobredos
vales socalcos searas
serras atalhos veredas
lezírias e praias claras
vivia um povo tão pobre
que partia para a guerra
para encher quem estava podre
de comer a sua terra.
Um povo que era levado
para Angola nos porões
um povo que era tratado
como a arma dos patrões
um povo que era obrigado
a matar por suas mãos
sem saber que um bom soldado
nunca fere os seus irmãos.

Ora passou-se porém
que dentro de um povo escravo
alguém que lhe queria bem
um dia plantou um cravo.
Era a semente da esperança
feita de força e vontade
era ainda uma criança
mas já era a liberdade.
Era já uma promessa
era a força da razão
do coração à cabeça
da cabeça ao coração.
Quem o fez era soldado
homem novo capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.

……………………………….

Lisboa, Julho-Agosto de 1975

Ary dos Santos (Poeta português, 1937-1984)

sábado, 23 de abril de 2011

Roger Phillpot

Roger Phillpot nasceu no Reino Unido em 1942 numa família modesta e numerosa - o quinto de sete irmãos -. Apesar do seu talento artístico, ele acabou por fazer carreira profissional num gabinete de arquitectura, e só após a reforma em 1996 retomou os seus estudos em Belas Artes e começou a sua carreira artísticas. Instalado na região de Nantes desde 2003, expõe regularmente em França e no Reino Unido.


 And Who's been sitting in my chair, 2002
Óleo sobre tela, 101 x 76 cm

 Hey Diddle Diddle there's a Cat in the Middle, 2007
Óleo sobre tela, 63 x 52 cm

 Lady Muck, 2007
Óleo sobre tela, 67 x 57 cm


sexta-feira, 22 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Jacques-Louis David






Jacques-Louis David
(1748-1825


Pintor da corte de Napoleão Bonaparte.






Jacques-Louis David, nasce em Paris em 1748, filho de um mercador.
Estuda pintura na Real Academia de Paris e ganha o Prix de Rome. Vai para Itália aperfeiçoar os seus estudos e regressa a Paris em 1780.
Em 1782 casa com Marguerite-Charlotte Pecoul, de quem terá 4 filhos. Em 1793 Marguerite divorcia-se dele, mas em 1796 voltaram novamente a casar.
Quando Jacques-Louis David regressou a França, vindo de Itália, em 1780, vinha cheio de ideais fortes baseados nas supostas virtudes da antiga Roma. Tinha aderido ao neoclassicismo, que exigia que os artistas fossem buscar os seus temas e o estilo a modelos antigos, como tinha feito Poussin há 150 anos. Os franceses reagiram elegendo David para a Academia e para o Salon. A sua linha, a cor e a composição, altamente definidas, foram muitíssimo admiradas. Mais do que isso, o seu estilo foi entendido como revolucionário, correspondendo ao desejo do país do fim da corrupção da aristocracia e do regresso à  moral severa e patriótica da Roma republicana. Ao juntar-se à Convenção revolucionária, David votou a favor da execução de Luís XVI. Mas, com a morte de Robespierre e o fim do Terror, foi preso e poderia ter sido também executado se a sua esposa, realista como era, não tivesse intervindo junto do novo “imperador”, Napoleão Bonaparte.
David passou a ser um seguidor dedicado de Napoleão. Encontrava-se no cume da sua influência e foi nomeado cavaleiro da nova Légion d’Honneur.
Exilado em Bruxelas depois da queda de Napoleão em 1816, David, como professor notável que era, continuou a treinar jovens pintores, incluindo Ingres. Foi o virtual ditador da arte de França durante uma geração: a sua influência espalhou-se pela moda e design de mobiliário. Morre em Bruxelas em 1825.

 A Morte de Marat, 1793
Óleo sobre tela, 124,70 x 161,90 cm
Museu de Belas Artes de Bruxelas, Bélgica

Patroclus, 1780
Óleo sobre tela, 170 x 122 cm
Colecção particular

Retrato de Médico Alphonse Leroy, 1783
Óleo sobre tela, 91 x 72 cm
Museu Fabre, Montepellier, França

Retrato de Antoine Laurent e Marie Anne Lavoisier, 1788
Óleo sobre tela, 195 x 256 cm
Matropolitan Museum os Art, Manhattan, New York, United States

 The Intervention of the Sabine Women, 1799
Óleo sobre tela, 522 x 385 cm
Museu do Louvre, Paris, França

Napoleon at the St. Bernard Pass, 1801
Óleo sobre tela, 231 x 246 cm
Kunsthistorisches Museum, Viena, Austria

Bonaparte, Calmo n a Fiery Steep, Crossing the Alps, 1801
Óleo sobre tela, 221 x 260 cm
Musee National du Chateau, Versailles, France

 Esta propaganda cheia de vivacidade foi copiada pelo menos quatro vezes por David e pelo seu estúdio. A mensagem sugere que, se Napoleão consegue atacar os Alpes com tanto vigor, nada poderá detê-lo.

Fonte: 100 Grandes Artistas, Círculo de Leitores

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A beleza dos corpos Montse Valdés.

 Série "Transmisions"
Óleo sobre tela, 73 x 33 cm

  Série "Transmisions"
Óleo sobre tela, 54 x 24 cm

 Nu
Óleo sobre tela, 73 x 100 cm

 Nu
Pastel sobre papel, 46 x 50 cm

 Da série "Mujeres y Hombre Conscientes"
Óleo sobre tela, 180 x 136 xm

"La Reflexion del Hombre"
Óleo sobre tela, 200 x 300 cm

domingo, 17 de abril de 2011

Agnès Guillon, nasceu em Paris em 1976, apaixonada pelo desenho desde a infância, o primeiro impacto com a pintura a óleo foi um verdadeiro choque. Em 2008 Agnès abandona a sua profissão como engenheira para se dedicar inteiramente à pintura.



sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sem Título (podem dar sugestões), 2011
Óleo sobre tela, 40 x 40 cm
Já tem título: Murmúrios

quinta-feira, 14 de abril de 2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

André Derain

Auto-Retrato
Desenho a sanguínea






 André Derain
1880-1954










André Derain nasceu em Chatou, perto de Paris. Em 1900, tornou-se amigo de Maurice de Vlaminck, e os dois pintores compartilharam um estúdio em Chatou. Ficaram impressionados com uma exposição de Van Gogh, que visitaram em 1901, e formaram uma ramificação importante do movimento Fauve, a qual se tornou realidade em 1905. Nesse ano, Derain pintou com Matisse em Collioure e expôs no Salon des Indépendants e no Salon d’Autonne. Em 1905 e 1906, visitou Londres e pintou assuntos impressionistas com cores brilhantes e sem mistura dos Fauves. De 1906 até ao início da primeira guerra mundial, Derain manteve-se em contacto íntimo com Picasso e Braque. O seu Banhistas, de 1906 revela interesse pela arte primitiva de formas simplificadas inspiradas por Cézanne. Derain não acompanhou os amigos no cubismo, mas até 1910 efectuou experiências com o tratamento do tipo bloco da paisagem de Cézanne. Mais tarde diria: “Não me apego a qualquer princípio, excepto o da liberdade, mas a minha ideia de liberdade consiste em que ela deve relacionar-se com a tradição.”
De 1914 a 1919, Derain esteve no exército, onde produziu máscaras e rostos feitos de cápsulas de granadas. Uma exposição dos seus trabalhos foi elogiada por Apollinaire em 1916. Em 1921, visitou Roma, onde pintou uma série de retratos e nus monumentais. Ao longo da década de 30, pintou esses assuntos e também naturezas mortas e paisagens e, em 1924 um estranho Pierrot e Arlequim. O seu estilo variava, mas ainda revelava admiração por Rousseau, Chardin, Corot e Courbet.
Em 1937, proporcionaram-lhe uma exposição retrospectiva no Salon des Indépendents. Até morrer, continuou a pintar paisagens, naturezas mortas e figuras com diferentes graus de naturalismo.  Giacometti afirmou: “Ele apenas queria fixar uma pequena parte do aspecto das coisas, a aparência maravilhosa, atraente e desconhecida daquilo que nos rodeia.”

Charing Cross Bridge, 1906
Óleo sobre tela, 81 x 100 cm
Museu d’Orsay, Paris
Natureza Morta, 1921-1922
Óleo sobre tela, 87,2 x 124,5 cm
Art Gallery of New South Wales, Sydney, Australia
Estrada para o Castelo Gandolfo
Óleo sobre tela, 62,5 x 50,80 cm
Hermitage, Saint Petersburg, Russia
Arvoredo, 1912
Óleo sobre tela, 116,5 x 81,30 cm
Hermitage, Saint Petersburg, Russia 
Cliffs, 1912
Óleo sobre tela, 60,5 x 81 cm
Hermitage, Saint Petersburg, Russia
Banhistas, 1907
Óleo sobre tela, 132,10 x 195 cm
Hermitage, Saint Petersburg, Russia
Ponte de Londres, 1906
Óleo sobre tela,
The Museum of Modern Art, New York City
Auto-Retrato, 1903
Óleo sobre tela, 42,20 x 34,60 cm
National Gallery of Australia, Canberra
Arredores de Chatou, 1904-1905
Óleo sobre tela, 54,20 x 65,20 cm
Museu Thyssen-Bornemisza, Madrid, Espanha
Retrato de Henri Matisse, 1905
Óleo sobre tela, 46 x 35 cm
Tate Gallery, Londres
Ponte sobre Riou, 1906
Óleo sobre tela, 82,60 x 101,60 cm
Moma, Nova Iorque
O Cavaleiro do Cavalo Branco, 1905
Óleo sobre tela, 45,90 x 37,90 cm
National Gallery of Australia, Canberra

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Jean-Michel Basquiat




Basquiat
1960-1988




Jean-Michel Basquiat nasce a 22 de Dezembro de1960 em Nova Iorque, o pai é natural de Port-au-Prince, Haiti, e, a mãe é de Brooklyn, filha de porto-riquenhos.
Basquiat desde muito cedo mostrou uma grande aptidão para a arte. Sua mãe, desenha juntamente com o filho e leva-o a visitar museus. Basquiat aprende espanhol, francês e inglês, começa a frequentar a escola privada católica St. Ann. Juntamente com um colega, escreve e desenha um livro infantil.
Em 1968, Jean-Michel é atropelado por um automóvel e fica com os braços partidos e ferimentos internos que o obrigam à remoção do baço. Os pais divorciam-se, ficando Gerard com a custódia dos filhos. A relação de Jean-Michel com seu pai torna-se cada vez mais difícil.
Em 1974 Gerard Basquiat aceita uma colocação para Mira Mar, Porto Rico, e muda-se para lá com os filhos,  em 1975 com 15 anos de idade Jean-Michel foge de casa pela primeira vez.
Em 1977 juntamente com um amigo, Al Diaz, Jean-Michel inventa a figura de SAMO, e usando este pseudónimo assinam os seus graffitis em prédios abandonados em Manhattan.
Em 1978 os conflitos com o pai aumentam. Um ano antes da sua graduação, Jean-Michel desiste da escola e foge de casa definitivamente. Ganha algum dinheiro vendendo postais com colagens e T-shirts pintadas. Basquiat  vive sem residência fixa e ocasionalmente ainda vende o seu corpo por dinheiro. Contudo, um ano depois, em 1979  Basquiat rapidamente se torna um “adereço” da cena artística, musical e cinematográfica nos clubes nocturnos como o Mudd Club e o Club 57. Um conflito com Al Diaz leva ao aparecimento do slogan “SAMO morreu” nas paredes de SoHo. Em Maio de 1979 Basquiat forma uma banda juntamente com Michael Holman, Sharon Dawson e Vincent Gallo chamada Gray.
Em 1980 Basquiat desempenha o papel de protagonista no filme Downtown 81. O que ganha com o filme permite-lhe comprar materiais para pintar. Encontra o espaço suficiente para começar a pintar, no escritório da produção do filme em Grace Jones Street.
Em 1983 Basquiat, tem um curto romance com Madonna, uma cantora desconhecida na época. Neste mesmo ano, conhece Andy Warhol com quem colaborou ostensivamente e cultivou amizade.
A 12 de Agosto de 1988, com apenas 27 anos de idade, morre devido a uma overdose.

Lua Cadillac, 1981
Acrílico e Giz sobre tela, 163 x 173 cm
Colecção particular, Paris

Agonia dos Pés, 1982
Acrílico e tinta de óleo em barra sobre tela, 183 x 213,5 cm
The Israel Museum, Jerusalém

Pégasi, 1987
Acrílico, lápis e tinta de óleo em barra sobre papel esticado sobre tela
223,5 x 228,5 cm
Colecção John MacEnroe, Nova Iorque

Cavalgando com a morte, 1988
Acrílico e tinta de óleo em barra sobre linho, 248,9 x 289,6 cm
Colecção particular, Nova Iorque
Cavalgando com a Morte é uma das obras mais fantásticas de Basquiat, e não só devido ao seu timing, com a morte eminente do artista. Aqui ele atinge uma escassez e pureza de técnicas possivelmente nunca conseguida  em qualquer outra das suas obra.

“Desde os dezassete anos que sonho em tornar-me uma estrela. Pensava em todos os meus heróis,  e tinha uma visão romântica da maneira como as pessoas tinham atingido a fama”
Jean-Michel Basquiat


Fonte: Basquiat (TASCHEN)