Peter Paul Rubens
1577-1640
Diplomata e genial pintor Flamengo
As circunstâncias do nascimento de Peter Paul Rubens foram mantidas secretas por sua mãe até para o próprio Rubens, a fim de esconder as infidelidades do pai com a mulher de Guilherme de Orange, (líder do movimento separatista), e o seu subsequente castigo e prisão em Siegen, na Alemanha, que o levou a abandonar Antuérpia católica, dominada por Espanha, onde Jan Rubens, pai de Rubens era também suspeito de ser calvinista. A família só voltou a Antuérpia após a morte de Jan Rubens em 1587.
Supõe-se que Rubens nasceu em Siegen em 1577.
Depois de lhe dar uma educação humanística em Colónia e Antuérpia, sua mãe, reconhecendo-lhe o talento para desenhar, conseguiu que fosse discípulo do seu parente Tobias Verhaecht, pintor de paisagens. Mais tarde, Rubens foi para a oficina de Adam van Noort, pintor da escola flamenga, onde foi companheiro de Jacob Jordaens. Passados quatro anos, deixou-o para ir para a oficina de Otto van Veen. Este novo mestre era um pintor muito culto e muito apreciado, pertencente à escola romanista, e era protegido pela aristocracia. Em 1598, antes de deixar o seu estúdio, Rubens foi admitido na Guilda dos Pintores de Antuérpia. Entretanto, ajudava Van Veen nas decorações para as cerimónias da entrada do arquiduque Alberto e da infanta Isabella em Bruxelas. Nessas festas deve o jovem pintor ter encontrado o seu futuro protector, Vincenzo Gonzaga, duque de Mântua.
Em 1600, Rubens foi para Itália. Em Veneza o colorido maravilhoso de Tiziano, Tintoretto e Veronese influenciaram para sempre o seu uso da cor. Foi enquanto Rubens estava no Norte de Itália que o duque de Mântua o contratou como pintor da sua corte. Nesta corte requintada, Rubens estudou a valiosíssima colecção de pinturas e esculturas antigas do duque, algumas das quais influenciaram muito o seu trabalho. As famosas cavalariças do duque e o seu jardim zoológico, com tigres, crocodilos e outros animais exóticos, causaram grande impressão em Rubens. Mais tarde, foram incorporados nas suas cenas de caça muitos desenhos destes animais.
Em 1603, o duque confiou a Rubens uma missão diplomática junto de Filipe III de Espanha. O seu contacto com os pintores e artistas de Madrid e arredores mais largou os seus horizontes, e enquanto lá permaneceu executou muitos retratos, entre os quais um retrato equestre do duque de Lerma.
Em 1601, e mais tarde em 1606, Rubens visitou Roma, onde encontrou um novo protector em Scipione Borghese, sobrinho do papa e futuro patrono do escultor Gian Lorenzo Bernini. Em Roma, executou um retábulo para a Igreja de S. Maria in Vallicella, A Virgem com Anjos. Não lhe agradou a primeira versão, que mais tarde foi colocada sobre o túmulo de sua mãe, em Antuérpia. A segunda versão, que está ainda na igreja para onde foi encomendada, está feita em três partes separadas. É interessante notar que o assunto principal, distribuído pelas três superfícies, está emocionalmente ligado, constituindo um todo, sendo um exemplo prematuro da continuidade de espaço que iria ter a sua culminância no mais puro estilo barroco.
Em 1608, tendo conhecimento de que sua mãe estava a morrer, Rubens partiu para Antuérpia. Ao chegar lá, foi quase imediatamente nomeado pintor da corte da infanta Isabella e do arquiduque Fernando. No ano seguinte, casou com Isabella Brandt, filha de um professor de Antuérpia. Uma das encomendas de Rubens no seu regresso a Antuéepia foi um retábulo para a catedral. Com o dinheiro que recebeu por esta obra mandou construir uma casa apalaçada, com oficinas e acomodações para o seunumerosíssimo grupo de discípulos. O desenho do edifício e dos jardins que o rodeavam fazem de algum modo lembrar o palácio de Mântua.
Nesta casa grandiosa, Rubens executou encomendas para toda a Europa, inclusivamente para o imperador sacro-romano Filipe III de Espanha, para Jaime I de Inglaterra e para o rei da Polónia. Conseguiu realixar uma enorme obra, organizando na sua oficina uma produção em linha. Dava primeiro aos discípulos um esboço, preliminar do trabalho feito em cores neutras, que eles iriam ampliar na tela, pintando depois as massas de cores. Depois, Rubens ia dar os toques finais, as cores e os pormenores de que só a sua mão inimitável era capaz. Também fez desenhos para gravuras de livros. Entre os seus discípulos contam-se Van Dyck, Jacob Jordaens e Frans Snyders. Também colaborou com o pintor de flores Jan Bruegel, o Velho.
Até 1620, dois estilos alternam no trabalho de Rubens: um, pictórico, derivado dos mestres italianos como Tiziano, Tintoretto e Veronese, e outro, mais clássico, que consistia numa composição elaborada de cores frias.
Em 1620, foi-lhe encomendada a decoração do tecto da igreja dos Jesuítas em Antuérpia, a qual, infelizmente, foi destruída por um incêndio um século mais tarde. Foi o primeiro tecto no Norte da Europa a ser decorado com telas sobrepostas segundo o estilo veneziano. Quinze anos mais tarde em Inglaterra, Rubens executou no mesmo estilo, para Carlos I, a decoração do tecto da sala de banquetes do Palácio de Whitehall, em Londres. Entretanto, fez várias visitas a Paris, a pedido de Maria de Medici, para quem executou grandes decorações no Palácio do Luxembourg.
Em 1626, Isabella Brandt morreu. Quatro anos mais tarde, Rubens casou pela segunda vez com Helena Fourment, jovem de dezasseis anos, filha de um rico mercador de sedas, a qual se tornou o tema e a inspiração dos seus últimos quadros mitológicos e o modelo de muitos dos seus retratos.
Rubens passou os últimos anos como um fidalgo da pequena nobreza nas terras do Castelo de Steen, em Elleweert. Apesar desse seu afastamento do mundo, recebeu encomendas como pintor e missões como diplomata até ao fim da sua vida, em 1640.
Fonte: Enciplopédia As Belas Artes - Grolier, Lda. 7ª Edição 1979
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